Estudo de caso: esquizofrenia. Parte 01.

A esquizofrenia é um transtorno mental grave que afeta como uma pessoa pensa, sente e se comporta. As pessoas com esquizofrenia podem ter dificuldade em distinguir a realidade da fantasia, podem ouvir vozes ou ter alucinações visuais, podem se isolar ou ter delírios persecutórios. A esquizofrenia não tem uma causa única, mas envolve fatores genéticos, ambientais e neurobiológicos.

Neste post, vamos apresentar um estudo de caso de um paciente com esquizofrenia, chamado João, atendido em um serviço de saúde mental. Vamos descrever o seu histórico clínico, o seu diagnóstico, o seu tratamento e o seu prognóstico.

Histórico clínico

João é um homem de 25 anos, solteiro, que mora com os pais e trabalha como auxiliar administrativo. Ele começou a apresentar sintomas psicóticos aos 18 anos, quando teve uma crise de ansiedade e pânico durante uma prova na faculdade. Ele relatou que ouviu vozes dizendo que ele era um fracasso e que deveria se matar. Ele também teve a sensação de que as pessoas estavam olhando para ele e rindo dele. Ele abandonou a prova e saiu correndo da sala.



Desde então, João passou a ter episódios recorrentes de alucinações auditivas e visuais, delírios de grandeza e de perseguição, isolamento social, desorganização do pensamento e da fala, apatia e falta de higiene pessoal. Ele abandonou a faculdade e o emprego anterior, e passou a ficar trancado no quarto, ouvindo música alta e navegando na internet. Ele também desenvolveu um comportamento agressivo e hostil com os pais, que tentavam convencê-lo a procurar ajuda.

Diagnóstico

João foi levado ao serviço de saúde mental por seus pais, após uma tentativa de suicídio por enforcamento. Ele foi avaliado por uma equipe multidisciplinar, composta por psiquiatra, psicólogo, assistente social e enfermeiro. Após uma entrevista clínica, uma avaliação neuropsicológica e uma análise dos exames laboratoriais e de imagem, João recebeu o diagnóstico de esquizofrenia do tipo paranoide, conforme os critérios do DSM-5 (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais).

Tratamento

João foi internado em uma unidade psiquiátrica para estabilização do quadro agudo. Ele recebeu medicação antipsicótica (risperidona), antidepressiva (fluoxetina) e ansiolítica (clonazepam), além de acompanhamento psicoterápico individual e em grupo. Ele também participou de atividades ocupacionais, recreativas e educativas na unidade.

Após 30 dias de internação, João apresentou melhora significativa dos sintomas psicóticos, do humor e da ansiedade. Ele também mostrou maior interesse pelas atividades propostas, maior interação com os profissionais e com os outros pacientes, maior adesão ao tratamento medicamentoso e maior consciência da sua doença.

João recebeu alta hospitalar com um plano terapêutico individualizado, que incluía a continuidade do uso da medicação prescrita, o acompanhamento ambulatorial com o psiquiatra e o psicólogo, o apoio familiar e social, a reinserção no mercado de trabalho e a retomada dos estudos.

Prognóstico

João segue em tratamento há dois anos e tem apresentado boa evolução clínica. Ele conseguiu um novo emprego como auxiliar administrativo em uma empresa de informática, voltou a estudar em um curso técnico na área de programação e retomou o contato com alguns amigos. Ele ainda apresenta alguns sintomas residuais, como alucinações auditivas ocasionais e delírios leves, mas consegue reconhecê-los como parte da sua doença e não se deixar influenciar por eles. Ele também mantém uma rotina regular de sono, alimentação, exercícios físicos e lazer.

João tem consciência de que a esquizofrenia é uma doença crônica e que requer cuidados contínuos. Ele sabe que pode ter recaídas, mas também sabe que pode contar com o apoio da equipe de saúde, da sua família e dos seus amigos. Ele tem esperança de ter uma vida produtiva, satisfatória e feliz, apesar da sua condição.

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