Freud conhece Charcot em Salpêtrière

  No ano de  1885 o jovem médico candidata-se a uma bolsa de estudos em que tinha intenção de dirigir-se ao Hospital da Salpêtrière depois ficou conhecido como hospício Salpêtrière, localizado em Paris, eram uma local onde haviam mulheres com transtornos mentais, a hipnose e a histeria eram referência para todo o mundo. Em Paris o Freud compreendeu que neste local encontrará respostas para muitas dúvidas, com isso poderia encontrar um grande acervo de material de estudos diversos e em outros departamentos, além disso, a sua maior referência no tratamento da histeria era Jean-Martin Charcot renomado médico francês que já trabalhava no hospital por mais de 17 anos.



                Charcot demonstrou casos completos em que acreditava que reduzir a conexão entre neurose e o sistema genital fazendo certas proporções e as histéricas poderia apresentar alguns sintomas de ordem traumática, natureza, anestésica e distúrbio da visão. Charcot chegou a mencionar estar próximo de desenvolver uma espécie de sintomatologia da histeria. Nesta época que Charcot demonstra a todos um ato hipnótico, imagem clássica onde a mulher apresentava sintomas clássicos de histeria, passando por sessão hipnótica em que desapareciam para supressa e espanto do público que assistia e isto incluía o Freud.




[…] Charcot explica o processo reproduzindo-o, induzindo artificialmente o paciente a paralisia. Para promover isso, ele precisa de um paciente que já se encontre num estado histérico; requer ainda o estado de hipnose e o método da sugestão. Ele hipnotiza profundamente um paciente desse tipo e então golpeia o braço levemente. O braço pende; fica paralisado e exibe precisamente os mesmos sintomas que ocorrem na paralisia traumática espontânea.[…] (FREUD, 1893, p.38)



                A  histeria até então eram um transtorno mental que a comunidade científica conhecia como doença do útero que tomava conta do corpo da mulher e o seu tratamento eram deixar as doentes em sonambulismo e estado de hipnose. Nas aulas de Charcot eram sempre ministradas nas terças-feiras e eram assistidas por líderes da elite parisiense. O médico de renome demonstrava por intermédio da hipnose deixava claro que a histeria não tinha ligação com o útero, estava associado a questões de ordem neurológica sabiamente entenderíamos no futuro.             Fascinado pelas aulas do Charcot além de ser sua maior referência, tornou-se fonte inspiração para o Freud, em que ele começa a compreender mais detalhadamente o seu funcionamento.

               O Sigmund conversava muitas vezes com a sua esposa Martha Bernays que demonstrava um amor imenso e algumas dessas cartas comentou sobre o encanto que é Paris e das oportunidades de desenvolvimento intelectual que poderia conseguir por aqui. O Freud ao retornar para os seus pensamentos antigos, queima-os não deixando nada para outros os seus seguidores, na sua concepção nada daquilo que ele escreveu tinha total relevância, nota-se que o Charcot influenciou muito o Freud nesta época e a partir dessa  mudança intelectual ele começou a fazer uma ligação entre a histeria e sexualidade.

[…] Julgo que estou mudando muito. Vou dizer-lhe detalhadamente o que me está afetando. Charcot, um dos maiores médicos e um homem cujo senso comum tem um toque de gênio, está simplesmente desarraigado minhas metas e opiniões. Por vezes, saio de suas aulas como se estivesse saindo de Notre Dame, com uma nova ideia de perfeição. Mas ele me exaure; quando me afasto, não me sinto mais nenhuma vontade de trabalhar em minhas próprias bobagens; há três dias inteiros não faço nenhum trabalho, e não me sinto culpa. Meu cérebro está saciado, como se eu tivesse passado uma noite no teatro. […] (FREUD, 1893, p.15)



            Após a descoberta que Freud obteve nas aulas de Charcot, o Freud começou a querer  se aprofundar cada vez mais nas concepções em que se interessaria: o inconsciente e a própria histeria. O jovem aventureiro assim como ficou conhecido conheceu outro importante mentor, o   Joseph Breuer (médico, fisiologista, austríaco, as suas obras se tornariam uma base para a futura psicanálise), o fisiologista conhecido por ser um grande estudioso das doenças que acometia o sistema nervoso tornou-se um espécime de mentor de Freud. O Freud e Breuer se conhecem em 1877 nos primeiros casos tratados através da psicanálise, tornando este encontro uma história clássica   que revolucionará o pensamento sobre a ótica da terapia nesta época, logo após este caso os dois médicos escreveram uma obra intitulada” Estudo sobre a Histeria”.

             A paciente descrita neste caso foi denominada Ana O para preservar a identidade da paciente e por motivo de segurança, ela era paciente do Breuer que foi gentilmente acompanhada por Freud. Ana O era uma mulher que viveu na cidade de Viena sofria extremo controle dos pais em que era negada o direito à liberdade de viver e realizar os seus desejos (dançar, escrever, ou sair de casa) neste mesmo período, Ana O tornou-se cuidadora do seu pai enfermo acometido por uma doença terminal.

         Com o adoecimento do familiar e a repressão imposta pelo controle, Ana O desenvolveu alguns sintomas estranhos, ela não conseguia beber qualquer líquido, tinha alucinações, apresentava episódios de esquecimentos e inclusive esqueceu o idioma alemão, só se comunicava em inglês, possuía dores no corpo, paralisia e perturbações visuais. A partir desse estudo clínico a técnica cura pela palavra tornou-se uma forma de terapia de suma importância naquela época e tornou-se base para a psicologia moderna.

           O tratamento de técnica simples para esta paciente foi submetido a um estado hipnótico, onde a proposta era fazê-la  falar tudo que vinha a sua cabeça naquele momento, tudo que era possível lembrar, detalhes, situações, era importante que falasse para que os sintomas desaparecessem parcial ou completamente. Atualmente é um entrave para os psicanalistas do século XXI que recebem críticas influenciadas devido a não conhecimento da técnica. Este caso tornou se referência para o tratamento psicanalítico e para o surgimento de outras áreas do saber. 



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